quinta-feira, 6 de maio de 2010

As Mulheres no Universo das HQs

Independente dos veículos de informação constituir produtos da visão da sociedade como um todo, eles também são formadores da imagem que as pessoas criam. Dessa forma, as produções das historias em quadrinhos acabam assumindo dois papeis: o de produto da visão vigente na sociedade e o de produtor desta mesma visão. As HQs como um instrumento de comunicação disseminam mensagens e ideologias – influenciando na visão de mundo dos seus leitores.

Quando trazemos a analise da relação do universo feminino, sua caminhada e evolução dentro do contexto histórico têm um “desenvolver” de uma sociedade, das conquistas feministas, do novo papel que a mulher se insere na atualidade – descrito e evidenciado pela evolução das mulheres no universo das HQs.

Nos anos de 1913, o que permeava o universo das historias de Pafuncio e Marocas, de George McManus eram os conflitos familiares – situações engraçadas da relação das donas de casas e seus maridos.

Em 1930, surge Betty Boop, uma “revolucionaria” garota dos anos 30, que abusava de sua sensualidade, charme e sedução. Em contraponto, surge Belinda, uma secretaria que se casa e se torna uma típica dona de casa da classe media americana – fútil e despreocupada, mãe de dois filhos e um cachorro – a encarnação da mulher americana ideal.

Nas décadas de 1920 e 1930 as mulheres eram apenas coadjuvantes – uma imagem de fragilidade era comum nas companheiras dos super-heróis; como por exemplo, Lois Lane, a eterna namorada do Superman, que inicialmente, era uma personagem secundária, frágil e sempre em apuros – motivador para as ações heróicas do Homem de Aço.
No entanto, hoje, a repórter do Planeta Diário é bem mais dinâmica e atuante; tanto que acabou se casando com o maior ícone das HQs.

O que vemos nos dias de hoje, são personagens bem diferente; que anteriormente se mostravam sem muito apelo, está acompanhando a crescente afirmação feminina no meio masculino.

Temos como exemplo, Marlo, a esposa de Rick Jones, o Capitão Marvel, é dona de uma gibiteria, de onde tira seu sustento; além de estar gradativamente, ganhando espaço nas aventuras do herói, protagonizando passagens divertidas e se firmando como personagem.

Outro exemplo clássico é Diana Palmer-Walker, esposa do lendário Fantasma; que deixou os estereótipos de mulher dedicada – que só cuida dos filhos e espera a chegada do esposo a noite – para se tornar uma alta funcionaria da ONU, conciliando seu papel de mãe e trabalhadora.

Temos ainda vários outros ícones nas HQs como símbolos da mulher moderna – Radical Chic, de Miguel Paiva, criada em 1982; uma personagem que até hoje busca o homem que consiga entender seu comportamento – uma mulher de pensa, diz e faz tudo que qualquer mulher desejaria – vivendo o papel que quer e não o que a sociedade determina.

Temos ainda a Ré Bordosa, uma mistura de sexo livre, drogas, bebida e noites mal-dormidas, que a tornaram símbolo dos “porraloucas”. Suas ânsias, contradições, conflitos pessoais e filosofias etílicas – mais que motivos para reflexão, eram pura picardia.

Até mesmo Margarida, a namorada do Pato Donald, se transformou na Superpata, provando que a velha e boa intuição feminina suplanta qualquer lógica super-heroíca. Tornou-se a primeira personagem feminina da Disney a ter uma revista exclusiva no Brasil. Margarida surge com um visual reformulado – sem repetir uma única roupa! Lançando 200 edições seriadas; um sucesso incontestável para quem inicialmente se mostrava fútil e submissa.

E para finalizar, temos ainda Mafalda, uma criação do cartunista argentino Quino - uma menina de apenas sete anos de idade; extremamente politizada e preocupada com a humanidade e a paz mundial.

O que vemos neste breve histórico do “caminhar” das personagens femininas nas HQs é a evolução das relações do feminino com as conquistas ao longo do tempo. Os anseios e aspirações das mulheres são retratados no viver de muitas personagens, como por exemplo, a busca de seu lugar no mundo pelas conquistas profissionais; o fim da submissão ao parceiro; a independência financeira e ainda o adiamento do casamento e da maternidade em detrimento de uma carreira profissional.

O Blog “Clube das Mulheres” traz para você internauta, textos reflexivos e curiosidades sobre esse imenso e prazeroso universo!!

Boa leitura!